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NIRVANA Unplugged MTV faz 25 anos


Falar sobre o NIRVANA nunca é demais. Ouvir então, melhor ainda. Se existe uma banda que provavelmente será escutada por décadas e diferentes gerações, são estes 3 caras – Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic - que viraram a música dos anos 90 de ponta cabeça. Da noite pro dia a palavra NIRVANA ganhou uma nova conotação: deixava o propósito zen para se tornar símbolo de uma geração perturbada e marca do grunge de Seattle.

A discografia do NIRVANA pode ser ouvida de cabo a rabo sem cansar. É possível perceber a evolução musical da banda álbum a álbum, a solidez cada vez maior das composições de Kurt e produção encorpada que fica evidente no álbum In Utero. Mas o que é notório nesta evolução, é a qualidade vocal de Cobain.

Mesmo nas gravações ao vivo, onde Kurt completamente alterado ou cansado vacila em alguns vocais, sua sensibilidade e dinâmica vocal dão inveja a qualquer vocalista. Mas quando se trata do Unplugged gravado e filmado para a MTV, em 18 de novembro de 1993, e um dos momentos mais intimistas do rock mainstream. Não tem cansaço, não tem porra louquice nenhuma. Só tem verdades. E o álbum fez agora 25 anos. Sim, isso mesmo que você leu!

(antes de continuar a leitura, coloque o disco pra tocar!)

Para o Unplugged, o NIRVANA trouxe seu lado mais soturno. No lugar dos berros tradicionais de Kurt, apareceu o vocal quase sussurrado, como se pedisse clemência por tudo que estava por vir em sua vida e morte. Em vez das guitarras distorcidas, violões crus e um cello. Acompanhados com maestria pelo baixo profundo de Krist Novoselic e a bateria levemente tocada (neste show) por Dave Grohl.

Kurt com seu vocal tímido e voraz conseguiu fluir da suavidade à loucura em um show que certamente faz deste álbum um dos melhores das edições do Unplugged e da história da banda.

Para quem na época esperava escutar na versão acústica os hits “In Bloom”, “Smells like teen Spirit”, e outros sucessos que bombavam da banda, se surpreenderam com um setlist de covers desconhecidos como “Jesus Doesn’t Want me for a Sumbean” e “Where Did You Sleep Last Night”. Isto de início foi difícil e engolir para os produtores da MTV, os quais diziam “como assim não irão tocar seus maiores sucessos?”.

Mas o fato é que os próprios produtores da MTV não tinham certeza se as músicas mais pesadas da banda funcionariam bem no formato “desplugado”. A sensação que daria se tudo fosse tocado muito alto, mesmo com violões e baixo acústico, é que o lado especial de um Unplugged se perderia. Percepção que a própria banda tinha e chegou a ser comentada por Dave Grohl:

“Nós vimos os outros Unpluggeds e não gostamos de muitos deles, porque a maioria das bandas os tratava como shows de rock - tocavam seus sucessos como se estivessem no Madison Square Garden, exceto pelas guitarras acústicas.”

Para quem tem ideia do quanto Kurt Cobain foi atropelado pelo sucesso repentino do álbum Nevermind, pode entender um pouco a escolha de músicas desconhecidas para o unplugged. Desde a explosão de “Teen Spirit” nas rádios e Tv, a banda buscou ao máximo preservar seu estilo anti-comercial, fosse através de canções que não abandonavam a essência suja do punk, pelas letras questionadoras (como “Rape Me”) ou mesmo com shows onde não tocavam seu maior hit “Smells like teen spirit”. Para o unplugged, não foi diferente. Montaram um repertório que incluía apenas 4 canções do Nevermind, 1 do Bleach, 3 do In Utero e 6 covers. E quem se lembra da primeira frase de Kurt antes de tocar a primeira música? “Esta é do nosso primeiro disco. A maioria das pessoas não a conhece.” Isso resumia tudo.

O setlist original incluía “Serve the Servants”, “Heart Shaped Box”, “Been a Son”, “Rape me”, “Silver” e “Verse Chorus Verse”. Dá pra imaginar que algumas destas cairiam bem no estilo acústico. Mas por fim, foram cortadas pela própria banda.

A escolha do cenário do show foi idealizado por Kurt Cobain, como um funeral. Sim, isso mesmo. Ele disse:

“Eu quero muitas flores. Eu quero velas pretas e lírios de stargazer.”

Talvez tudo que estivesse prestes a acontecer em 1994, já estava sendo escrito. Mas a genialidade deste unplugged faz a gente até esquecer dos maus momentos. Quem participou deste evento histórico, relata que algo diferente podia ser percebido. Algo único estava no ar. Sabiam que aquele show ficaria marcado como um dos mais incríveis do programa Unplugged MTV.

A diretoria da MTV e produtores do Unplugged sabiam que lidar com uma banda como o NIRVANA não seria algo tão simples. As diversas regras e padrões do programa não eram bem o que Kurt, Krist e Dave gostavam de lidar. Para início, os ensaios da banda para o Unplugged não chegavam nunca ao fim. Começavam e terminavam meio sem uma conclusão. E isso, de algum modo gerava sentimentos estranhos tanto na banda como na grande equipe que se preparava para aquelas horas de gravação do programa.

Na noite anterior, Kurt mencionou:

“Não sei....ainda não me soa como um unplugged.”

Na cabeça de quem ouvia aquilo, foi como se tudo pudesse ser cancelado segundos antes da apresentação. E tratando-se de artistas como eles, isto podia acontecer sem tornar-se um grande problema para a banda. Todos mencionaram em entrevistas que os músicos estavam nervosos. Aquilo era novo pra eles, um passo a mais. E não queriam fazer qualquer coisa.

Veja agora a passagem de som de 22 minutos que a banda fez antes do show. Cenas exclusivas com ajustes de vocais, efeitos de violão e até Krist e Dave assumindo violões neste ensaio. Perceba que todos parecem estar meio sem paciência - principalmente Kurt - e descobrindo com conduzir alguns arranjos.

O que presenciou-se após os ensaios foi um show profundo, com canções repaginadas do jeito que a banda queria. Por outro lado, usar um violão – Martin de 1959 – com um captador de guitarras, não era bem a sonoridade que a MTV esperava. Ter um amplificador para o violão no palco junto da banda, também não. Pedais distorcidos para certas músicas, menos ainda. Mas é tudo isso que fez deste álbum tão único e com a cara do NIRVANA.

O acordeon tocado por Krist é um dos pontos altos do disco em “Jesus Doesn’t Want me for a Sumbean”. Canção de uma antiga banda escocesa chamada The Vaselines. E no vinil conseguimos perceber ainda melhor o vasto campo sonoro que o instrumento atinge. Aliás, vamos ao vinil que temos em mãos e falar um pouco dele!

Nosso vinil é uma edição de 2013, prensada em PALLAS, uma das melhores e mais famosas fábricas de prensagem no mundo. Conhecida por sua qualidade e meticulosidade, fez até que a Warner levasse suas reedições de vinil para serem prensadas com eles na Alemanha. É o caso deste vinil de 180 g que traz a exata arte da capa e encarte de 1994.

O que esperar da sonoridade dessa edição? Ambiência real. É o melhor que você pode ter e o mais fiel que um fã deste álbum gostaria de escutar. É possível ouvir a leveza que Dave Grohl tocou sua bateria – uma preocupação que toda equipe teve durante os ensaios para o show. Também fica claro o quanto Kurt Cobain era cru em sua maneira de tocar as cordas do violão, detalhe que você percebe até alguns acordes “mal interpretados”.

Gostaríamos de destacar o silêncio que existe entre os outros instrumentos e as frequências médias do belíssimo violão Martin que Kurt Cobain usou. Um instrumento raríssimo que oferece graves, médios e agudos na medida certa para as canções executadas pela banda. Nesta edição pode-se curtir em detalhes sua parte solo em Pennyroyal Tea.

Vale fechar comentando sobre a masterização deste álbum, realizada pelo conhecido engenheiro de som Bernie Grundman.

Agora, é hora de virar o lado do álbum e continuar escutando. Feliz 25 anos para o não tão jovem Unplugged do NIRVANA!

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